Revisão bibliográfica: entenda os tipos e como escolher o ideal para sua pesquisa
Conheça os principais tipos de revisão científica, suas características, e as diferenças, quando usar cada um e como escolher a abordagem ideal para seu TCC, artigo, dissertação ou tese.


📚 O que é uma revisão bibliográfica?
A revisão bibliográfica é uma etapa essencial de qualquer pesquisa científica. Seu objetivo é reunir, analisar e interpretar o que já foi publicado sobre um determinado tema. Mas o que muitos estudantes não sabem é que existem diferentes tipos de revisão, cada uma com sua lógica, estrutura e finalidade.
Escolher o tipo de revisão adequado pode fazer toda a diferença na qualidade da sua pesquisa, na aprovação do seu trabalho e até mesmo na publicação em revistas científicas.
Neste guia, você vai aprender os principais tipos de revisão e como decidir qual usar no seu TCC, dissertação, tese ou artigo.
🔍 1. Revisão narrativa (ou tradicional)
A revisão narrativa é o tipo mais comum, especialmente em trabalhos de conclusão de curso. Ela é mais flexível, permite reflexões teóricas e pode ser usada para construir o referencial teórico de um trabalho.
Essa abordagem não segue um protocolo rígido de busca nem critérios padronizados de seleção de estudos. O autor tem liberdade para escolher os temas, autores e abordagens que julgar mais relevantes.
Quando usar:
Ao introduzir um tema pouco explorado
Para levantar hipóteses teóricas
Em áreas com poucos estudos quantitativos
Atenção: Por ser mais subjetiva, ela não é a melhor opção para análises comparativas, síntese de evidências ou decisões clínicas/políticas.
✅ 2. Revisão sistemática
A revisão sistemática é muito mais rigorosa e estruturada. Ela segue um protocolo claro para buscar, selecionar, avaliar e analisar estudos científicos com critérios transparentes e replicáveis.
O objetivo é responder a uma pergunta específica de pesquisa com base em evidências confiáveis, geralmente quantitativas.
Ela não aceita "achismos". Todo o processo é documentado, e muitas vezes os protocolos são registrados em bases como PROSPERO.
Quando usar:
Para responder perguntas específicas com base em estudos prévios
Em áreas com muitos estudos empíricos
Quando o objetivo é publicar em revistas de alto impacto
Dica bônus: revisões sistemáticas são frequentemente exigidas por periódicos da área da saúde, agrárias, educação e ciências aplicadas.
📊 3. Meta-análise
A meta-análise é, na verdade, uma etapa quantitativa da revisão sistemática. Ela reúne dados numéricos de diferentes estudos e faz uma análise estatística para descobrir o efeito médio de uma intervenção ou fenômeno.
Ou seja, a meta-análise não é um tipo separado de revisão, mas sim uma ferramenta estatística dentro da revisão sistemática.
Quando usar:
Quando há muitos estudos quantitativos sobre o mesmo tema
Para calcular médias, riscos, diferenças ou impactos
Em áreas como medicina, psicologia, ciências agrárias, biologia e nutrição
Veja Também: Meta-análise: Guia Completo para Estudantes e Pesquisadores
🧠 4. Revisão integrativa
A revisão integrativa permite combinar diferentes tipos de estudos, tanto quantitativos quanto qualitativos, em uma única análise.
É uma abordagem bastante usada em dissertações e teses, especialmente em áreas como enfermagem, ciências sociais e educação.
Além de sintetizar dados, ela também permite uma interpretação crítica dos resultados, apontando lacunas, inconsistências e tendências.
Quando usar:
Quando a literatura é diversa (metodologias e enfoques variados)
Para mapear o conhecimento existente e gerar novos insights
Em pesquisas multidisciplinares
🧪 5. Revisão de escopo (scoping review)
A revisão de escopo serve para mapear e descrever um campo de estudo, sem necessariamente responder a uma pergunta específica ou fazer análise crítica dos resultados.
Ela busca entender o panorama geral, como os temas estão sendo estudados, quais métodos são usados e quais lacunas existem.
Geralmente é usada como etapa inicial de uma pesquisa maior, como uma tese ou projeto de pesquisa.
Quando usar:
Para explorar temas emergentes
Em revisões preliminares de teses de doutorado
Quando o objetivo é entender como se pesquisa, e não o que se descobriu
🗂️ 6. Revisão crítica
A revisão crítica vai além de reunir estudos: ela julga, questiona e contrapõe argumentos e metodologias, propondo inclusive novos modelos teóricos ou explicações alternativas.
É o tipo de revisão mais denso, mais interpretativo e geralmente mais filosófico ou teórico.
Quando usar:
Em artigos de opinião científica
Para questionar consensos
Em estudos com abordagem teórica profunda
📜 7. Revisão histórica
Como o nome diz, essa revisão busca reconstruir o desenvolvimento de um conceito, ideia ou fenômeno ao longo do tempo.
Ela é comum em teses com viés mais filosófico, social ou educacional, e exige fontes bem contextualizadas.
Quando usar:
Para mostrar a evolução de um conceito na literatura
Em estudos de base teórica, crítica ou metodológica
Quando o tempo histórico é parte importante da análise
🧭 Como escolher o tipo de revisão ideal?
A escolha depende do seu objetivo:
Quer apresentar o estado da arte? → revisão sistemática ou de escopo
Quer desenvolver teoria? → revisão narrativa ou crítica
Vai trabalhar com dados estatísticos? → revisão sistemática com meta-análise
Quer mesclar métodos e interpretar? → revisão integrativa
Está explorando um campo novo? → revisão de escopo
Precisa mostrar evolução de ideias? → revisão histórica
Sempre converse com seu orientador e verifique o que é aceito ou valorizado na sua área e no periódico em que deseja publicar.
💡 Resumão
A revisão narrativa é mais comum em TCCs e capítulos de dissertações
A revisão sistemática tem ganhado muito destaque em artigos científicos
A revisão de escopo é excelente para iniciantes que ainda estão delimitando o tema
Escolha um tipo só por revisão – não misture abordagens sem justificar muito bem
Faça uso de referências metodológicas confiáveis, como o Manual PRISMA, Cochrane, Whittemore & Knafl etc.
❓ Perguntas Frequentes (FAQ)
Todo TCC precisa ter revisão sistemática?
Não. A revisão sistemática é mais indicada para artigos e pesquisas mais avançadas. TCCs normalmente usam revisão narrativa ou integrativa.
Posso fazer revisão sistemática sem meta-análise?
Sim. A meta-análise é opcional e depende da disponibilidade de dados quantitativos comparáveis.
Qual tipo de revisão é aceito em artigos científicos?
Depende da área e do escopo do periódico. Revistas mais exigentes costumam preferir revisões sistemáticas ou integrativas.
A revisão de escopo pode ser usada como parte de uma dissertação?
Sim. Inclusive, é muito usada para delimitar o campo de estudo antes de aprofundar uma revisão sistemática ou empírica.
Posso usar IA para ajudar na revisão?
Sim, desde que verifique todas as fontes, avalie criticamente os textos gerados e siga as normas éticas da sua instituição.
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