Revisão bibliográfica: entenda os tipos e como escolher o ideal para sua pesquisa

Conheça os principais tipos de revisão científica, suas características, e as diferenças, quando usar cada um e como escolher a abordagem ideal para seu TCC, artigo, dissertação ou tese.

Greguy Looban

7/22/20254 min read

📚 O que é uma revisão bibliográfica?

A revisão bibliográfica é uma etapa essencial de qualquer pesquisa científica. Seu objetivo é reunir, analisar e interpretar o que já foi publicado sobre um determinado tema. Mas o que muitos estudantes não sabem é que existem diferentes tipos de revisão, cada uma com sua lógica, estrutura e finalidade.

Escolher o tipo de revisão adequado pode fazer toda a diferença na qualidade da sua pesquisa, na aprovação do seu trabalho e até mesmo na publicação em revistas científicas.

Neste guia, você vai aprender os principais tipos de revisão e como decidir qual usar no seu TCC, dissertação, tese ou artigo.

🔍 1. Revisão narrativa (ou tradicional)

A revisão narrativa é o tipo mais comum, especialmente em trabalhos de conclusão de curso. Ela é mais flexível, permite reflexões teóricas e pode ser usada para construir o referencial teórico de um trabalho.

Essa abordagem não segue um protocolo rígido de busca nem critérios padronizados de seleção de estudos. O autor tem liberdade para escolher os temas, autores e abordagens que julgar mais relevantes.

Quando usar:

  • Ao introduzir um tema pouco explorado

  • Para levantar hipóteses teóricas

  • Em áreas com poucos estudos quantitativos

Atenção: Por ser mais subjetiva, ela não é a melhor opção para análises comparativas, síntese de evidências ou decisões clínicas/políticas.

✅ 2. Revisão sistemática

A revisão sistemática é muito mais rigorosa e estruturada. Ela segue um protocolo claro para buscar, selecionar, avaliar e analisar estudos científicos com critérios transparentes e replicáveis.

O objetivo é responder a uma pergunta específica de pesquisa com base em evidências confiáveis, geralmente quantitativas.

Ela não aceita "achismos". Todo o processo é documentado, e muitas vezes os protocolos são registrados em bases como PROSPERO.

Quando usar:

  • Para responder perguntas específicas com base em estudos prévios

  • Em áreas com muitos estudos empíricos

  • Quando o objetivo é publicar em revistas de alto impacto

Dica bônus: revisões sistemáticas são frequentemente exigidas por periódicos da área da saúde, agrárias, educação e ciências aplicadas.

📊 3. Meta-análise

A meta-análise é, na verdade, uma etapa quantitativa da revisão sistemática. Ela reúne dados numéricos de diferentes estudos e faz uma análise estatística para descobrir o efeito médio de uma intervenção ou fenômeno.

Ou seja, a meta-análise não é um tipo separado de revisão, mas sim uma ferramenta estatística dentro da revisão sistemática.

Quando usar:

  • Quando há muitos estudos quantitativos sobre o mesmo tema

  • Para calcular médias, riscos, diferenças ou impactos

  • Em áreas como medicina, psicologia, ciências agrárias, biologia e nutrição

Veja Também: Meta-análise: Guia Completo para Estudantes e Pesquisadores

🧠 4. Revisão integrativa

A revisão integrativa permite combinar diferentes tipos de estudos, tanto quantitativos quanto qualitativos, em uma única análise.

É uma abordagem bastante usada em dissertações e teses, especialmente em áreas como enfermagem, ciências sociais e educação.

Além de sintetizar dados, ela também permite uma interpretação crítica dos resultados, apontando lacunas, inconsistências e tendências.

Quando usar:

  • Quando a literatura é diversa (metodologias e enfoques variados)

  • Para mapear o conhecimento existente e gerar novos insights

  • Em pesquisas multidisciplinares

🧪 5. Revisão de escopo (scoping review)

A revisão de escopo serve para mapear e descrever um campo de estudo, sem necessariamente responder a uma pergunta específica ou fazer análise crítica dos resultados.

Ela busca entender o panorama geral, como os temas estão sendo estudados, quais métodos são usados e quais lacunas existem.

Geralmente é usada como etapa inicial de uma pesquisa maior, como uma tese ou projeto de pesquisa.

Quando usar:

  • Para explorar temas emergentes

  • Em revisões preliminares de teses de doutorado

  • Quando o objetivo é entender como se pesquisa, e não o que se descobriu

🗂️ 6. Revisão crítica

A revisão crítica vai além de reunir estudos: ela julga, questiona e contrapõe argumentos e metodologias, propondo inclusive novos modelos teóricos ou explicações alternativas.

É o tipo de revisão mais denso, mais interpretativo e geralmente mais filosófico ou teórico.

Quando usar:

  • Em artigos de opinião científica

  • Para questionar consensos

  • Em estudos com abordagem teórica profunda

📜 7. Revisão histórica

Como o nome diz, essa revisão busca reconstruir o desenvolvimento de um conceito, ideia ou fenômeno ao longo do tempo.

Ela é comum em teses com viés mais filosófico, social ou educacional, e exige fontes bem contextualizadas.

Quando usar:

  • Para mostrar a evolução de um conceito na literatura

  • Em estudos de base teórica, crítica ou metodológica

  • Quando o tempo histórico é parte importante da análise

🧭 Como escolher o tipo de revisão ideal?

A escolha depende do seu objetivo:

  • Quer apresentar o estado da arte? → revisão sistemática ou de escopo

  • Quer desenvolver teoria? → revisão narrativa ou crítica

  • Vai trabalhar com dados estatísticos? → revisão sistemática com meta-análise

  • Quer mesclar métodos e interpretar? → revisão integrativa

  • Está explorando um campo novo? → revisão de escopo

  • Precisa mostrar evolução de ideias? → revisão histórica

Sempre converse com seu orientador e verifique o que é aceito ou valorizado na sua área e no periódico em que deseja publicar.

💡 Resumão

  • A revisão narrativa é mais comum em TCCs e capítulos de dissertações

  • A revisão sistemática tem ganhado muito destaque em artigos científicos

  • A revisão de escopo é excelente para iniciantes que ainda estão delimitando o tema

  • Escolha um tipo só por revisão – não misture abordagens sem justificar muito bem

  • Faça uso de referências metodológicas confiáveis, como o Manual PRISMA, Cochrane, Whittemore & Knafl etc.

❓ Perguntas Frequentes (FAQ)

Todo TCC precisa ter revisão sistemática?

Não. A revisão sistemática é mais indicada para artigos e pesquisas mais avançadas. TCCs normalmente usam revisão narrativa ou integrativa.

Posso fazer revisão sistemática sem meta-análise?

Sim. A meta-análise é opcional e depende da disponibilidade de dados quantitativos comparáveis.

Qual tipo de revisão é aceito em artigos científicos?

Depende da área e do escopo do periódico. Revistas mais exigentes costumam preferir revisões sistemáticas ou integrativas.

A revisão de escopo pode ser usada como parte de uma dissertação?

Sim. Inclusive, é muito usada para delimitar o campo de estudo antes de aprofundar uma revisão sistemática ou empírica.

Posso usar IA para ajudar na revisão?

Sim, desde que verifique todas as fontes, avalie criticamente os textos gerados e siga as normas éticas da sua instituição.

Foto: Pixabay