📋 Checklist prático antes de submeter seu artigo científico

Confira um checklist prático com tudo que você precisa revisar antes de submeter seu artigo científico e aumente suas chances de aceitação em periódicos.

Greguy Looban

7/16/202510 min read

📝 Introdução

Submeter um artigo científico vai muito além de apertar o botão “Enviar”. É uma etapa estratégica que exige atenção a detalhes técnicos, éticos, estruturais e editoriais. Um checklist completo pode evitar rejeições por motivos simples e aumentar significativamente suas chances de aceitação. Neste artigo, reunimos os itens essenciais, organizados em seções fáceis de seguir, para que sua submissão chegue ao editor com qualidade, clareza e conformidade.

🔍 1. Relevância e adequação ao periódico

Antes de pensar em layout, revisão ou envio, a primeira pergunta é: essa revista realmente combina com o seu artigo? Parece básico, mas é aqui que muitos autores escorregam e acabam enfrentando rejeições logo na triagem inicial, sem nem chegar à avaliação por pares. 😕

📌 Para evitar isso, o primeiro passo é analisar se o escopo da revista está alinhado com o tema, objetivo e abordagem do seu trabalho. Se você escreveu sobre agricultura de precisão, por exemplo, dificilmente será aceito em um periódico voltado exclusivamente à educação rural. Isso vale tanto para o conteúdo quanto para o perfil da revista (teórico, aplicado, interdisciplinar etc).

📚 Outra dica valiosa é ler os artigos publicados recentemente naquele periódico. Eles são o termômetro editorial: te mostram os temas preferidos, o estilo de escrita e até a profundidade dos estudos aceitos. Se o seu trabalho conversa com esses artigos, ótimo sinal.

🔗 E mais: verifique também quem são os leitores da revista. Seu público-alvo é composto por pesquisadores, técnicos, formuladores de políticas? O artigo precisa ser relevante para quem vai lê-lo e isso conta pontos para os editores.

💡 Lembre-se: publicar em um periódico inadequado não só atrasa sua pesquisa, como pode prejudicar sua reputação. Por isso, escolher um periódico com temática e abordagem compatíveis com seu manuscrito é um passo estratégico que aumenta (muito!) suas chances de aceitação.

✉️ 2. Carta de apresentação (cover letter)

Muita gente subestima a carta de apresentação ao submeter um artigo científico — mas ela pode ser o detalhe que faz o editor dar atenção ao seu manuscrito logo de cara. 📩 Pense nela como o pitch do seu trabalho: é a sua chance de mostrar, em poucas linhas, por que seu artigo merece ser lido e avaliado.

🧠 Mas o que colocar na cover letter? Nada de repetir o resumo ou fazer rodeios. Comece apresentando o título do artigo, os autores e o tipo de contribuição que ele traz para o campo científico. Em seguida, diga de forma clara por que você escolheu aquela revista e como o escopo dela está alinhado com o tema da sua pesquisa. Isso mostra que você fez sua lição de casa.

✅ Também é o momento de destacar rapidamente os principais achados e por que eles são relevantes para a comunidade científica. Se o artigo é inédito, inovador, resolve uma lacuna ou amplia debates importantes, diga isso com objetividade e sem exagero. Nada de adjetivar demais ou fazer promessas que o artigo não cumpre.

🛑 Evite copiar modelos prontos da internet. O editor percebe. Prefira uma carta direta, bem escrita, com 150 a 300 palavras no máximo. E nunca esqueça: a carta precisa ser personalizada para cada revista.

💡 Bônus: Se o artigo já foi apresentado em eventos ou tem financiamento institucional, mencione brevemente. Isso adiciona autoridade. E, claro, agradeça pela consideração e se coloque à disposição para esclarecer qualquer dúvida.

🏷️ 3. Título, resumo e palavras-chave: como aumentar a visibilidade do seu artigo científico

Seu artigo começa a ser lido antes mesmo de ser aberto. Isso porque o título, o resumo e as palavras-chave são os primeiros elementos que aparecem em bases como Google Scholar, Scopus e Web of Science. Ou seja, se esses itens não forem estratégicos, seu trabalho pode ficar invisível até para quem está procurando exatamente o que você pesquisou. 😕

📌 O título deve ser claro, informativo e, sempre que possível, conter os principais termos do seu tema. Evite frases muito genéricas ou criativas demais que não explicam do que se trata o estudo. Títulos com 12 a 15 palavras, bem objetivos, tendem a ter melhor desempenho em buscas.

📄 O resumo é como uma vitrine do seu artigo. Ele precisa convencer o leitor (e o avaliador) de que vale a pena continuar. Foque nas contribuições do seu trabalho, deixando claro: o que você pesquisou, por quê, como, e o que descobriu. Use uma linguagem objetiva e priorize informações concretas. Evite frases vagas ou promessas exageradas.

🔑 Já as palavras-chave devem ser pensadas com estratégia. Coloque termos técnicos e populares que pessoas da sua área provavelmente digitariam ao buscar por um tema como o seu. Pense como se fosse o algoritmo de um buscador: ele vai combinar palavras. Então, escolha palavras que realmente estejam no seu texto e que tenham relação direta com o problema pesquisado.

💡 Dica extra: use ferramentas como o Google Trends, Scopus Preview ou o próprio ChatGPT para testar e gerar variações de palavras-chave. Isso aumenta seu alcance nas plataformas de indexação e ajuda seu artigo a ser encontrado e citado com mais facilidade.

🖋️ 4. Autorias e identificadores: como garantir credibilidade e visibilidade internacional

Quem assina o artigo importa e muito! 👥 A escolha correta da ordem dos autores, bem como a definição de quem será o autor correspondente, pode fazer diferença tanto na visibilidade quanto no reconhecimento acadêmico. Em geral, o primeiro autor é quem realizou a maior parte do trabalho, e o último costuma ser o orientador ou pesquisador sênior responsável pelo projeto.

Mas não basta só colocar os nomes é essencial associar cada autor ao seu ORCID iD, o identificador digital padrão na ciência. 🔗 O ORCID é gratuito e garante que sua produção seja corretamente atribuída a você, mesmo que existam outros pesquisadores com nomes parecidos. Muitas revistas exigem esse registro na hora da submissão, e ele também facilita a integração com plataformas como Scopus, Web of Science e Lattes.

Outro detalhe importante é incluir afiliações institucionais atualizadas, como universidade, laboratório ou centro de pesquisa. Isso ajuda na avaliação do artigo e melhora a rastreabilidade da sua produção científica.

💡 Dica rápida: revise com os coautores a ordem dos nomes e confirme os dados de todos (e-mails, ORCID, afiliações). Um simples erro nessa etapa pode atrasar ou até invalidar a submissão.

Lembre-se: boas práticas de autoria e uso de identificadores fortalecem sua reputação acadêmica e garantem que sua pesquisa tenha o reconhecimento internacional que merece. 🌍📢

🧾 5. Estrutura e formatação: o visual também conta (e muito!)

Você pode ter o melhor conteúdo do mundo, mas se o visual do seu artigo estiver confuso ou mal formatado, as chances de rejeição aumentam (e muito!). ✋

Revistas científicas são exigentes com estrutura e formatação. Isso inclui seguir o modelo IMRAD (Introdução, Metodologia, Resultados e Discussão), usar o número certo de palavras, títulos em negrito, espaçamento correto, entre outros detalhes técnicos. 📐

E mais: cada revista tem suas próprias exigências de formatação. Por isso, leia as “Instruções aos Autores” com atenção. Lá você encontra tudo: tipo e tamanho da fonte, espaçamento, limites de palavras, estilo de citação (APA, Vancouver, ABNT etc.), estrutura esperada para tabelas e figuras e até como nomear os arquivos da submissão.

💡 Dica de ouro: algumas revistas oferecem um template oficial. Use esse modelo como base! Isso economiza tempo e reduz erros.

Ah, e não subestime o impacto de um manuscrito limpo, bem organizado e visualmente agradável. Isso facilita o trabalho dos revisores e transmite profissionalismo — aumentando suas chances de aceitação logo na triagem inicial. 📄✅

📊 6. Figuras e tabelas: destaque visual dos seus resultados

Gráficos e tabelas bem feitos valorizam seu artigo e facilitam a compreensão dos dados. Foque nos elementos que realmente ajudam a contar a história da sua pesquisa, evite repetições com o texto e mantenha tudo claro e legível.

Seja direto: Nada de encher o artigo com 10 gráficos diferentes mostrando a mesma coisa. Foque nas figuras que têm real valor explicativo;

Capriche nas legendas: Use gráficos de alta qualidade e tabelas bem organizadas. Escolha escalas apropriadas e evite distorções visuaiselas devem explicar claramente o que está sendo mostrado;

Siga o padrão da revista: Algumas revistas pedem que figuras sejam enviadas separadamente, em alta resolução (TIFF, JPEG ou PNG). Outras aceitam tudo dentro do próprio texto. Veja o que o periódico exige e siga à risca;

Numere e cite no texto: Todas as figuras e tabelas devem ser numeradas sequencialmente e citadas no corpo do artigo. Exemplo: “Como mostra a Tabela 2…” ou “Na Figura 1, observamos que…”.

🔬 7. Metodologia: como você fez o que fez

A seção de metodologia precisa responder claramente como sua pesquisa foi conduzida. Um bom revisor quer saber se o estudo pode ser reproduzido ou se os métodos usados são válidos para alcançar os resultados apresentados.

Seja objetivo e cronológico: descreva o processo passo a passo.
Inclua materiais, amostras e ferramentas usadas.
Detalhe análises estatísticas, softwares e testes aplicados.
Evite enrolação: vá direto ao ponto, sem rodeios.

A regra é simples: quem lê precisa conseguir repetir o estudo só com base nessa seção. Clareza e precisão são essenciais aqui — e isso pesa (muito) na avaliação dos revisores.

Aproveite para ler nosso artigo sobre como iniciar uma ótima revisão de literatura, AQUI!

📚 8. Referências e citações: dê crédito a quem merece

Um artigo científico sem boas referências é como um prédio sem fundação. As citações mostram que você conhece o que já foi publicado, sabe onde sua pesquisa se encaixa e respeita o trabalho dos outros autores.

✅ Use fontes confiáveis e atuais — dê preferência a artigos revisados por pares.
✅ Mantenha o padrão de citação exigido pela revista (APA, Vancouver, ABNT, etc.).
✅ Verifique consistência entre as citações no texto e a lista de referências.
✅ Evite excesso de autocitações ou fontes duvidosas.

Dica de ouro: use ferramentas como Mendeley, Zotero ou EndNote para organizar e formatar suas referências com facilidade. Isso economiza tempo e evita erros bobos que podem custar a aceitação do artigo.

⚠️ 9. Declarações obrigatórias: não pule essa parte!

Mesmo com o artigo perfeito, você pode levar um “não” da revista por esquecer algo simples: as declarações obrigatórias. São exigências éticas e legais que precisam estar no seu manuscrito — especialmente se envolverem pessoas, animais ou financiamento.

As mais comuns são:

Conflito de interesses: declare se há (ou não) algo que possa influenciar os resultados.
Aprovação ética: para estudos com humanos ou animais, inclua o número do parecer do comitê de ética.
Financiamento: cite as agências de fomento e códigos dos projetos, se aplicável.
Contribuição dos autores: muitas revistas exigem que você detalhe quem fez o quê no artigo (CRediT taxonomy).
Declaração de originalidade e consentimento para publicação, quando necessário.

📌 Dica rápida: sempre confira o modelo de declaração exigido pela revista — algumas têm até templates prontos.

Ignorar essas informações pode atrasar (ou barrar) a publicação. Então, revise esse item com atenção!

📄 10. Documentos complementares prontos: não deixe para a última hora!

Você escreveu, revisou, formatou... mas ainda não acabou! 🛑 Antes de clicar em “submeter”, verifique se tem todos os documentos extras exigidos pela revista. Muita gente esquece essa parte e acaba atrasando a submissão.

Veja os principais documentos que podem ser solicitados:

Carta de apresentação (cover letter): uma breve introdução do artigo para o editor. Explique o que torna sua pesquisa relevante e por que ela se encaixa na revista.

Declarações de ética e conflito de interesses: podem vir separadas ou dentro do manuscrito. Algumas revistas exigem envio à parte.

Arquivo com autorias separadas: muitas revistas pedem que você envie uma versão do artigo sem identificação dos autores (para garantir revisão cega) e outra com os nomes e afiliações.

Checklists específicos da revista: algumas publicações exigem o preenchimento de listas de verificação, como CONSORT, PRISMA ou STROBE, dependendo do tipo de estudo.

Permissões de uso de imagens ou tabelas de terceiros, quando aplicável.

📌 Dica prática: crie uma pasta com todos esses arquivos nomeados corretamente e em PDF ou Word, conforme o sistema da revista. Isso evita correrias de última hora.

Ter esses documentos prontos mostra profissionalismo, agiliza o processo editorial e evita que sua submissão seja devolvida só por falta de um anexo. Organização aqui é ponto a favor!

📝 11. Qualidade da linguagem: clareza é tudo

Mesmo a melhor pesquisa do mundo pode ser ignorada se estiver mal escrita. ✍️ A qualidade da linguagem é um dos principais fatores que influenciam a aceitação de um artigo científico, principalmente em revistas internacionais. Seu texto precisa ser claro, direto, livre de erros gramaticais e adequado ao estilo acadêmico da revista.

👉 Se você está escrevendo em inglês (como a maioria das revistas exige), invista em revisão profissional ou use ferramentas como Grammarly, Trinka ou Writefull, que são especializadas em textos científicos.

✅ Dicas práticas para garantir uma boa linguagem:

  • Use frases curtas e objetivas;

  • Evite jargões excessivos, principalmente na introdução e resumo;

  • Prefira verbos ativos e evite rodeios;

  • Faça várias revisões antes de submeter.

📌 Atenção: revisores e editores não vão “decifrar” um texto mal escrito. Se tiverem dificuldade para entender o que você quis dizer, é provável que recomendem a rejeição logo na primeira triagem.

💡 Lembre-se: clareza é sinal de domínio do conteúdo. Mostrar que você sabe explicar bem sua pesquisa transmite autoridade e profissionalismo — e isso aumenta suas chances de publicação!

🎯 12. Feedback externo: enxergue o que você não vê

Depois de revisar seu artigo mil vezes, é normal ficar “cego” para erros ou problemas de clareza. Por isso, receber feedback externo antes da submissão é uma das estratégias mais inteligentes que você pode adotar. 🧠

✅ Envie o manuscrito para colegas da sua área, orientador ou até para grupos de estudo. Peça que analisem especialmente:

  • Se o texto está claro e fácil de entender;

  • Se a estrutura segue a lógica esperada (IMRAD, por exemplo);

  • Se os argumentos estão bem construídos e embasados;

  • Se há partes confusas, repetitivas ou pouco convincentes.

💡 Dica de ouro: alguém de fora da sua pesquisa pode detectar falhas que você jamais perceberia. Isso inclui problemas na metodologia, interpretações forçadas ou falta de conexão entre seções.

Outra opção é contratar um serviço de revisão científica por pares (peer review independente), oferecido por empresas como Enago, Editage ou Research Square. Eles fornecem uma avaliação técnica parecida com a dos periódicos, mas antes da submissão.

📌 Lembre-se: o objetivo do feedback não é te criticar, mas fortalecer o artigo. Melhor ouvir sugestões de quem te apoia agora do que receber uma rejeição dura depois.

✅ 13. Verificação final (pré-submissão)

  • Confira todos os itens do checklist acima antes de enviar.

  • Teste a submissão em navegador web para evitar erros de upload.

  • Faça backup de todos os arquivos antes da submissão.

📄 Referências

  1. Taylor & Francis. Article Submission Checklist. Disponível em: autoraervices.taylorandfrancis.comElsevier Author Services - ArticlesAuthor Services+1Wiley Author Services+1

  2. Elsevier. Submitting your manuscript to journals checklist. Elsevier Author Services - Articles

  3. Nature. Submission guidelines – Scientific Reports. Nature

  4. ACS. Manuscript Submission Requirements Checklist. Atualizado em junho de 2025. researcher-resources.acs.org

  5. Qualitative Research – FQS. Submission Preparation Checklist. qualitative-research.net

  6. AGU Publications. Journals Submission Checklists. AGU

  7. Wiley. Submission & Peer Review Checklist. Wiley Author Services

  8. ICMJE. Preparing a Manuscript for Submission to a Medical Journal.